A minha participação na área da educação inclusiva inicou no ano de 2009, quando tive a oportunidade de trabalhar como auxiliar de turma em uma escola particular.
No início as pessoas me assustaram bastante dizendo que era complicado, que eu não iria conseguir, nem gostar e ter paciência para este trabalho, porém, o encarei como um desafio, do qual posso dizer orgulhosamente que obtive resultados surpreendentes.
Em fevereiro de 2009 entrei em uma sala de 5° ano e me deparei com duas crianças portadoras de necessidades especiais (PNE), uma menina de 16 anos com síndrome de down (não alfabetizada) e um menino da mesma idade, autista (alfabetizado). Eu nunca havia tido contado com pessoas PNE anteriormente e minha área era Letras, mas decidi continuar e aproveitar a oportunidade.
Imediatamente iniciei o estudo à respeito, li artigos, reportagens em revistas, internet, livros, etc; porém em nenhum encontrei as respostas que precisava, ou mesmo orientações que me ajudariam neste trabalho. Isso me levou a dar início ao meu próprio estudo com relação aos alunos PNE. Passei a observá-los, fazer anotações de suas atitudes, falas, desenhos e buscar uma aproximação, o que confesso pensei que seria mais díficil. O apoio e as informações dadas pelos familiares foi bastante importante para que eu chegasse as conclusões e conceitos relacionados a estas crianças.
Dividi minhas aulas entre atividades que interessavam os alunos e atividades que desenvolvessem a aprendizagem significativa de maneira que estes não desprezassem o estudo nem perdessem o interesse em aprender. Tentei fazer uma mescla entre o que seria útil para mim e agradável para eles e obtive um grande desenvolvimento e participação das crianças.
Em um ano de trabalho não consegui alfabetizar minha aluna de Down, porém comparado com o conhecimento que ela apresentava no início do ano letivo, esta evolui bastante. Quando iniciei o trabalho ela não conhecia todas as letras do alfabeto, nem cores, números, enfim.
Em julho de 2009 minha aluna entrou em férias escrevendo seu nome e sobrenome. Para quem não tem conhecimento na área ou ao menos uma noção das dificuldades encontradas na alfabetização destas crianças pode achar que pequenos avanços não são nada, o que não é verdade, porque qualquer evolução da crianças PNE é vista como um grande sucesso.
Com relação ao aluno autista, infelizmente este acabou saindo da escola, pois seus pais não estavam mais conseguindo disponibilidade para que ele continuasse a frequentar as aulas, mesmo assim conseguimos grandes avanços. O aluno passou a participar ativamente das aulas fazendo leituras orais com os colegas, dialogando e também passou a ter menos crises de comportamento.
Em julho de 2010 eu me formei em Letras pela Pontificia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) Campus Uruguaiana e automaticamente meu contrato na escola foi cancelado. A experiência que tive me ajudou bastante e passei a ter grande interesse na área. Neste estabelecimento educacional onde fiz o estágio pude ter contato com crianças de diferentes dificuldades como: down, autista, cadeirantes, etc; o que acrescentou bastante em minha vida profissional e pessoal. O contato com estas crianças faz com que aprendamos a ver a vida de outra maneira, a dar valor a tudo que temos, as pessoas que nos rodeiam, a qualquer coisa mínima que faça parte de nossas vidas.
Embora tenha saído da escola, continuo trabalhando com minha aluna down e ela esta me surpreendendo cada vez mais com sua evolução, já está escrevendo o nome da sua mãe e de sua avó, conta até dez, já sabe fazer a leitura de algumas sílabas e conhece todas as letras do alfabeto. Para uma criança down com 3% de chances de ser alfabetizada a evolução tem nos surpreendido bastante.
O contato com crianças PNE é algo gratificante. Trabalho com elas e gosto do que faço, acredito nas suas competências, embora saiba que nem todos os casos são iguais e muitas vezes não conseguimos encontrar uma solução e menos ainda resultados positivos.
Encerrando a minha história inicial na carreira da educação inclusiva, gostaria de dizer que todos tem capacidade de aprender, por minimo que seja o avanço, é possível. Basta acreditarmos, ter força de vontade, querer ensinar, unir forças para posteriormente obter sucesso na aprendizagem destas crianças.
O professor precisa amar o que faz, precisa querer alcançar estes resultados e acima de tudo, precisa ACREDITAR NA SUPERAÇÃO.